ABSTRACT

Um palinólogo, em busca de registros longos e antigos da Bacia Amazônica, ficará contente em aceitar qualquer depósito polinífero: pântanos, perfis em certes de estradas, paleocanais, perfis de paleosolos e, até mesmo, escavações arqueológicas. Mas lagos, particularmente, aqueles com extensão entre 100 m e 1000 m de comprimento, têm vantagens que os tornam os melhores alvos do paleoecólogo. Em lagos com dimensões dentro dessa faixa, a chuva polínica regional (parte do sinal polínico transportada pelo vento) está mais bem representada, com chances mínimas de super-representação local como ocorre nas turfeiras, sedimentos de pântanos e áreas semelhantes. Geralmente, a preservação do pólen é excelente em sedimentos lacustres. Taxas de sedimentação são, geralmente, constantes no decorrer de longos períodos e podem ser precisamente calculadas com um número adequado de datações por carbono 14 (Capítulo 4), preferivelmente do tipo AMS que, por sua vez, permite o cálculo do influxo polínico. Sedimentos lacustres são, ao contrário de outros tipos de sedimentos quaternários, menos suscetíveis a distúrbios pós-deposicionais. Outros sinais paleoecológicos, tais como algas diatomáceas, química dos sedimentos, pigmentos vegetais, intensidades magnéticas, razões de isótopos, etc., tendem a ter maior valor em depósitos lacustres do que em turfeiras, pântanos ou paleosolos. Na Amazônia, sedimentos lacustres são, praticamente, o destino final de pólen transportado nas bacias de drenagens pelo escorrimento de água superficial (run-off).